sábado, 12 de abril de 2008

A história de Bino.

Somos uma família numerosa com poucos nomes. O meu pai chama-se Vino, primo de Vino, ambos afilhados de Vino.
Nos anos 50 do século XX, Vino inscreveu-se para trabalhar nos Caminhos de Ferro. Entretanto, mudou de ideias e emigrou para o Brasil. Quando a CP respondeu ao pedido de emprego, o Vino mais novo, aproveitando a circunstância de possuir o mesmo nome* do primo que partira, preencheu a vaga em seu lugar.
Vino tornou-se empregado da CP em Santa Apolónia. Pouco tempo depois adoeceu com uma úlcera no estômago e foi operado. Durante o periodo de convalescença regressou à aldeia natal para uma mais cómoda recuperação.
Luisa era uma jovem de fora que ensinava havia pouco tempo na escola primária da aldeia de Vino. Começou a notar que enquanto dava aulas um estranho passava repetidamente à porta da escola olhando para ela.
Certo dia, ao tentar abrir a porta da sala de aulas, Luisa verificou que alguém tinha introduzido um pau na fechadura. Era necessário um serralheiro que conseguisse abrir a porta. Nas redondezas, o mais parecido que havia com um serralheiro era Ti António, o ferreiro da terra. Mas este não se deslocou ao local, mandou em sua vez o filho mais velho. Quando o jovem Vino chegou à escola para executar a reparação, Luisa reconheceu imediatamente o estranho que costumava fazer-lhe olhinhos.
Vino era de estatura baixa, mas possuia um cabelo magnífico cujo penteado suplantava claramente os seus congéneres mundialmente mais famosos no mesmo estilo, nomeadamente Elvis Presley e James Dean. Como devem calcular, um cabelo destes, só por si, conquistava corações.
Como típico beirão, Vino era de pouquíssimas palavras, mas os seus olhos pequeninos não deixavam margem para dúvidas sobre as suas intenções a respeito de Luisa. Bastou uma carta de Vino e pouco tempo depois começaram a namorar.
A seguir casaram. E desse casamento, uns anos mais tarde, nasceu este que vos escreve - Bino, de nome igual aos meus irmãos. E também de Bino, meu primo e afilhado de Vino, meu pai.
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*Vino e Vino são duplamente primos pois as suas mães eram irmãs e os seus pais, irmãos. Daí resulta que Vino e Vino tenham o nome completo perfeitamente igual, incluindo naturalmente os apelidos.
P.S. - Nunca se provou que tenha sido Vino quem entalou o pau na fechadura da escola.

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3 Comentários:

Blogger Maria Arvore disse...

Com a quantidade de Tonis e Zés por este país fora, Bino até que nem é assim tão utilizado a não ser que haja lugar a uma vó Vina ou bó Bina.

E independentemente da culpa, louvado seja quem espetou o pau para dar continuidade à família. ;)

13/04/2008, 23:45:00  
Anonymous Anónimo disse...

em trás-os-montes temos muitos, acho que os teus antepassados andaram por lá :)

15/04/2008, 21:38:00  
Blogger Fallen disse...

Oubi dizere que lá eim tras-os-mountes ha munta consanguinidade...

02/05/2008, 12:37:00  

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